Conforme aponta o periódico Radiology Business, pesquisadores da Universidade de Belgrado sugeriram uma necessidade urgente de aprimorar o treinamento e a radioproteção após inúmeros estudos indicarem que radiologistas intervencionistas vem apresentando início de catarata.
O fato é que hoje, no final de 2016, a radiologia se movimenta no sentindo de redução das doses em pacientes, enquanto na década anterior o foco foi o aumento da resolução e da sensibilidade dos aparelhos. O problema é que esse grande foco na exposição dos pacientes incoscientemente levou a uma menor preocupação com a proteção da equipe técnica, com efeitos negativos para a saúde que não podem ser ignorados.
O cristalino dos olhos é especialmente sensível aos efeitos da radiação, sendo que ao longo do tempo até mesmo pequenas doses podem causar a formação da catarata.
Essa tendência vai contra a preocupação com a radioproteção do cristalino, simbolizada pela redução dos limites anuais de exposição de 150 mSv para 20 mSV, em 2011, pela Comissão internacional de Proteção Radiológicva (ICRP), conforme quadro abaixo.
Ao contrário do que se poderia esperar, estudos relacionados à opacidade das lentes de radiologistas e técnicos identificaram uma exposição alarmante dessa estrutura do corpo humano, indicando uma lenta adoção da nova regulação.
Nesse cenário, estudo divulgado em março pelo American Journal of Roentgenology aponta que o maior risco de exposição ocupacional é verificado para a radiologia intervencionista. Nesse estudo, a opacidade pós capsular – uma condição que leva a cataratas -, foi encontrada em 50% dos médicos radiologistas e em 41% das enfermeiras. Um número assustador.
A boa notícia é que a utilização apropriada de equipamentos de segurança e o monitoramento de doses nos funcionários contribuem de forma significativa para a redução da exposição. As principais formas verificadas para reduzir a exposição no cristalino são:
- Uso de dosímetro dedicado perto dos olhos, em contato com a pele e de frente para a fonte de radiação
- Uso de óculos plumbífero bem ajustado e de telas de proteção suspensas para reduzir ainda mais a exposição de radiologistas e da equipe técnica
A RADIOLOGIA E A RADIOPROTEÇÃO NA REALIDADE BRASILEIRA
Deixando de lado a exposição do cristalino, abaixo fazemos um panorama da radiologia e da radioproteção no Brasil. Lembrando que, para orientações mais específicas, é indispensável consultar um especialista.
Quais são os princípios da radioproteção?
Basicamente, o uso seguro da radiação ionizante se baseia em três princípios:
- Redução do tempo de exposição à fonte de radiação
- Utilização de blindagens
- Manutenção de distância máxima entre o indivíduo e a fonte de radiação.
Quem estabelece a legislação radiológica?
As regras para o uso da radiação variam entre os países, embora existam alguns órgãos internacionais especialistas no assunto, tais como a Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), a Comissão Internacional de Proteção Radiológica (ICRP), o Comitê Científico das Nações Unidas sobre os Efeitos da Radiação Atômica (UNSCEAR) e o Comitê de Efeitos Biológicos das Radiações Ionizantes (BEIR).
No Brasil, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) é a principal responsável pela criação das normas, baseada nas recomendações internacionais, em conjunto com órgãos da saúde e do trabalho. As orientações e normas de proteção radiológica podem ser acessadas neste link.
Como deve ser feita a monitoração radiológica?
O monitoramento dos níveis de radiação deve ser feita em todo o local — classificando cada área como área livre, área supervisionada ou área controlada — e também individualmente, por meio do uso do dosímetro.
Quais avisos devem ser expostos?
Todos os equipamentos, recipientes ou áreas radiológicas devem conter uma placa com o desenho do trifólio representando a radiação ionizante, e uma luz vermelha que indica o momento de funcionamento do equipamento, impedindo a entrada de pessoas desprotegidas no ambiente.
Além disso, é importante ter avisos que orientem as mulheres a informar os técnicos caso haja a suspeita ou confirmação de gravidez, e avisos que orientem acompanhantes a exigirem a vestimenta plumbífera caso fiquem na sala durante a execução do exame.
Qual o Equipamento de Proteção Individual (EPI) recomendado na legislação radiológica?
Como comentamos, para a proteção contra a radiação o EPI se constitui do uso de vestimentas plumbíferas que cubram a maior parte do corpo sem reduzir a liberdade de movimentos, além de óculos plumbíferos. No ambiente, é necessário ainda que existam biombos e cabines de proteção.
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