fMRI supera polígrafo na detecção de mentiras
A próxima vez que você pensar que alguém está mentindo, sugira uma ressonância magnética funcional (do inglês, functional Magnetic Resonance Imaging – fMRI) ao invés de um teste em polígrafo.
Segundo estudo realizado pela Universidade da Pensilvânia e publicado recentemente no Journal of Clinical Psychiatry, o escaneamento cerebral com técnicas de fMRI é mais eficaz na detecção de mentiras do que o método tradicional de teste poligráfico.
A descoberta é considerada importante em razão da sua metodologia: trata-se do primeiro estudo a comparar as duas modalidades tendo como objeto o mesmo grupo de pessoas através de testes cegos e abordagem retrospectiva.
Em resumo, ficou demonstrado que quando alguém mente certas áreas do cérebro relacionadas ao processo de tomada de decisões são ativadas e ficam sinalizadas para identificação. No estudo, os pesquisadores verificaram que neurocientistas sem experiência prévia em detecção de mentiras, utilizando dados do fMRI, tiveram uma probabilidade 24% maior de identificar mentiras quando comparados a especialistas poligráficos.
O polígrafo é o único detector de mentiras fisiológico em uso no mundo há mais de 50 anos. Ele monitora a condutividade da corrente elétrica na pele, a pulsação cardíaca e a respiração do participante durante uma série de questões. Os polígrafos são baseados na premissa de que o ato de mentir resulta em alterações nessas medidas.
“Os polígrafos avaliam o reflexo de complexas atividades do sistema nervoso periférico reduzidas a apenas alguns parâmetros, enquanto o fMRI analisa milhares de conexões cerebrais com maior resolução no espaço e no tempo. Apesar de nenhuma dessas ‘atividades’ serem peculiares ao ato de mentir, nós esperávamos que a atividade cerebral fosse um sinalizador mais específico e foi isso o que encontramos”, afirmou o líder do estudo, Daniel D. Langleben, professor psiquiatra.
Para comparar as duas tecnologias, 28 participantes receberam o chamado Concealed Information Test – CIT. O método é desenhado para determinar se uma pessoa possui conhecimento de um assunto específico através de perguntas cuidadosamente planejadas, algumas das quais com respostas conhecidas, buscando por alterações nas atividades fisiológicas durante o teste. Também chamado de Guilty Knowledge Test, o CTI foi desenvolvido e tem sido utilizado por especialistas em testes poligráficos para demonstrar a eficácia dos seus métodos ao público antes da realização do teste poligráfico real.
No estudo, o examinador poligráfico pediu para que os participantes escrevessem um número entre 3 e 8 secretamente. A seguir, cada pessoa foi objeto do método CIT através do teste poligráfico e da fMRI. Cada participante foi submetido a ambos os testes, em diferentes ordens, com poucas horas de intervalo. Durante ambas sessões eles foram instruídos a responder “não” sobre questões relacionadas a todos os números, fazendo com que uma das seis respostas fosse uma mentira. Os resultados foram então avaliados por três peritos em polígrafos e três especialistas em imagem neurológicas separadamente e então comparados entre si.
Em um dos exemplos apresentados na pesquisa, a fMRI claramente apresenta aumento da atividade cerebral quando um participante, que havia escolhido o número 7, é perguntado se aquele era seu número. Os especialistas que analisaram pelo polígrafo apontaram incorretamente que o número 6 era a mentira – os testes poligráficos apresentaram alguns picos após o participante ter sido questionado sobre as mesmas perguntas diversas vezes seguidas, sugerindo que a resposta era uma mentira. O cenário também foi revertido em outra exemplos, quando nem a fMRI nem o polígrafo foram perfeitos. No entanto, de maneira geral os especialistas em fMRI foram 24% mais eficazes na detecção de mentira.
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