O PI-RADS é usado como uma classificação para predizer a probabilidade de uma lesão, vista em uma ressonância de próstata, ser um câncer clinicamente significativo. Sendo assim, ele tem como base as imagens obtidas pela ressonância nuclear magnética (RNM) multiparamétrica da próstata. Hoje ela  é o melhor exame para ver a anatomia da próstata.

Dessa maneira, consegue-se fazer uma análise melhor da lesão suspeita e ainda mostrar a extensão extracapsular do câncer, o acometimento linfonodal e metástase óssea.

Basicamente ele cria a suspeita diagnóstica e faz avaliação do avanço da doença.

Quer saber mais sobre o assunto e como isso funciona melhor? Então continue lendo.

 

O que é PI-RADS?

PI-RADS é um sistema de graduação da probabilidade de uma lesão, identificada na ressonância multiparamétrica de próstata, ser um câncer clinicamente significativo. Sua classificação se baseia em imagens ponderadas em T2 com alta resolução associado a um método de avaliação funcional ou fisiológica.

O exame faz a combinação dos achados de imagens em cinco grupos, onde 4 e 5 entram como altamente suspeitos de câncer. Nesses casos  o paciente deve fazer uma biópsia do local.

A RNM multiparamétrica é um método escolhido para ver a morfologia da próstata em sequências ponderadas em T2 de alta definição, associado a ao menos uma técnica de:

  • Difusão;
  • Restrição; ou
  • Espectroscopia.

Elas fazem com que se possa ter uma melhor definição. O exame de RNM feito antes do ultrassom transretal, faz com que haja uma melhora na positividade da biópsia de próstata. Isso porque ela guia o procedimento para o local suspeito.

 

Biópsia da próstata guiada por ultrassonografia

Atualmente se faz, no mínimo, 12 fragmentos para que se possa fazer um estudo microscópico do câncer na próstata.

Isso se chama biópsia randomizada, que é quando se retira partes dos seis quadrantes posteriores da próstata aleatoriamente. Desse modo, retiram-se 2 fragmentos na base da próstata, no terço médio e no ápice, do lado direito e esquerdo.

Para que se possa ter uma ideia de como é a próstata, pense nela como se fosse um cone invertido.  Seu ápice está direcionado para a uretra, passando pela zona transicional. Já sua base está virada para a bexiga. A próstata pesa algo em torno de 20 gramas quando se tem 20 anos. No entanto,  com o passar dos anos ela vai aumentando de tamanho mesmo não tendo lesões cancerígenas.

Considera-se uma boa extensão do fragmento da biópsia ter 2 cm. Assim, quando se tem uma próstata volumosa a agulha pode  ter um longo caminho para chegar ao alvo suspeito.

 

Imagens em T2 no RNM

É necessário o uso de aparelhos de ressonância de 1,5 ou 3 teslas para avaliação do PIRADS, sendo preferencialmente realizado o exame no aparelho de 3 teslas. No entanto, existem ressonâncias de até 9 teslas.

As imagens pesadas em T2 são usadas para avaliar a anatomia prostática, as anormalidades dentro da glândula e os casos de invasão da vesícula seminal, extensão de acometimento extraprostático e envolvimento linfonodal.

A próstata pode ser dividida em quatro zonas histológicas: (1) o estroma fibromuscular anterior; (2) a zona de transição; (3) a zona central; e (4) a zona periférica.

A zona periférica é onde 70-75% das neoplasias da próstata acontecem. Por conta disso, o toque retal é suspeito quando se toca um nódulo rígido.

Toda lesão na zona periférica pode mudar o aspecto da imagem em T2, o que não a caracteriza como câncer necessariamente.

Por isso é necessário a realização de uma biópsia para que se possa diagnosticar se o paciente possui ou não câncer.

 

O que é a graduação visual dos tecidos pela RNM

Pode-se comparar as regiões ponderados em T1 e T2 com o sinal  do córte renal, medula, urina, pâncreas, tecido adiposo e músculo psoas para que se possa usar como referência e determinar o sinal de uma lesão.

Uma lesão cística na imagem em T1 é encarada como hipointensa quando seu sinal é comparável com o da urina na bexiga, isointensa quando semelhante  ao do córtex e hiperintensa quando é superior ao tecido adiposo.

Nas imagens que têm supressão de gordura ponderada em T1, as lesões císticas acabam sendo consideradas hiperintensas quando emitem sinal semelhante  ou maior que o do pâncreas.

Na imagem ponderada em T2, considera-se a área em análise hipotensa quando ela apresenta  sinal parecido ou abaixo ao do músculo psoas, considera-se isointensa quando seu sinal é parecido com o do córtex renal e hiperintensa quando parecido com o da urina na bexiga.

Usa-se o contraste gadolíneo no exame pois a ideia é fazer com que aconteça uma avaliação de distribuição e perfusão dos tecidos, assim, pode-se mostrar a perfusão das lesões.

 

Como interpretar a classificação PI-RADS?

medico urologista vendo classificacao pi-rads

A classificação se utiliza de uma escala que vai de 1 a 5.

Lesões de 1 a 2 consideram-se benignas, 3 é suspeita e 4 a 5 são altamente suspeitas de câncer. Então, a classificação fica:

PIRADS 1: muito baixo (é altamente improvável que haja câncer clinicamente significativo)

PIRADS 2: baixo (é improvável a presença de câncer clinicamente significativo)

PIRADS 3: intermediário (é suspeita a presença de câncer clinicamente significativo)

PIRADS 4: alta (é provável que o câncer clinicamente significativo esteja presente)

PIRADS 5: muito alto (é altamente provável de estar presente um câncer clinicamente significativo)

 

Ressonância nuclear magnética multiparamétrica

A RNM é feita com as imagens em  T1 e T2, já a RNM multiparamétrica é uma junção de achados nas sequências ponderadas em T2 ligados a, no mínimo, uma técnica de imagem funcional ou fisiológica .

De modo geral, é sensível o suficiente para que se possa ver e localizar os cânceres que possuem um escore de Gleason que sejam iguais ou maiores que 7.

Esses são tumores mais agressivos e com maior risco de invasão local e avanço da doença. Atualmente, na sua versão PI-RADS V2.1, a imagem funcional que mais se usa é a difusão.

 

RNM multiparamétrica com avaliação da  difusão das moléculas de  água

A imagem ponderada por difusão, faz com que se possa ver e analisar os movimentos das moléculas da água no interior dos tecidos .

Nas tumores menos diferenciados, naqueles mais agressivos, há um componente celular mais proeminente, levando a um desarranjo da arquitetura tubular, e assim, alterando o modo como as moléculas de água se comportam.

Por consequência, os carcinomas de próstata com um escore de Gleason iguais ou maiores que 7, que são aqueles mais indiferenciados, são mais achados nessa técnica de exame.

 

Quando o resultado deve ser submetido a biópsia?

tecnico de radiologia e medico radiologista

Como dissemos, esse é um exame capaz de localizar lesões suspeitas de câncer de próstata. A doença passa a ter uma importância maior à medida que sua pontuação aumenta.

A biópsia assim é guiada para a lesão índex identificada na RNM multiparamétrica de próstata. Assim, a taxa de detecção do câncer na escala PI-RADS 5 , os tumores costumam ser identificados em 78-89% dos casos.

Todas as lesões  classificadas como PIRADS 4 ou 5 devem ser submetidas a biópsia.

A RNM é fundamental para que se possa indicar os locais com maior suspeição de haver um  câncer de próstata. Dessa maneira, pode-se facilitar onde a biópsia deve ser feita para que os resultados tenham mais precisão.

Assim, reduz-se o risco de submeter o paciente a procedimentos invasivos em achados de baixo risco e acaba melhorando a sensibilidade de achar o câncer que seja clinicamente significativo.

Dessa maneira, o número de biópsias para descartar possíveis suspeitas também diminui, já que se sabe quais lesões são mais suspeitas e onde elas se localizam.

Ficando assim mais fácil para que se possa saber como proceder dali em diante.

 

Perguntas Frequentes

O que significa PI-RADS?

PI-RADS é um sistema de graduação da probabilidade de uma lesão, identificada na ressonância multiparamétrica de próstata, ser um câncer clinicamente significativo.

O que significa cada número?

PI-RADS 1: muito baixo (é altamente improvável que haja câncer clinicamente significativo)

PI-RADS 2: baixo (é improvável a presença de câncer clinicamente significativo)

PI-RADS 3: intermediário (é suspeita a presença de câncer clinicamente significativo)

PI-RADS 4: alta (é provável que o câncer clinicamente significativo esteja presente)

PI-RADS 5: muito alto (é altamente provável de estar presente um câncer clinicamente significativo)