Contraste Radiológico: o que é, exames, reações e cuidados
Para uma melhor visualização da imagem gerada a partir de exames, pode ser solicitado a administração do meio de contraste – também conhecido como contraste radiológico, que é melhor caracterizado com o uso da radiação ionizante, quando radiopacos.
Há tipos diferentes de contrastes que podem ser utilizados e que possuem uma variedade de composição química que acabam sendo escolhidas com relação ao tipo de exame que será feito.
Sua administração pode ser feita via oral, retal, venosa ou diretamente na área desejada (fístula cutânea por exemplo).
Apesar de se tratar de uma ferramenta útil, há riscos em sua utilização. Isso porque o contraste pode causar efeitos colaterais nos pacientes e desencadear reações alérgicas, queda de pressão arterial sistêmica e etc. Por isso, seu uso só deve ser feito em casos específicos, sob supervisão médica e com indicação adequada.
Com o intuito de elucidar este assunto, preparamos este conteúdo com os pontos abaixo.
Índice
- O que é
- Como surgiu
- Importância do uso na radiologia
- Tipos e classificações
- Principais perigos no uso
- Como evitar as reações
- Principais exames
- Cuidados e contraindicações
1. O que é contraste radiológico
Os exames contrastados tratam-se de exames radiológicos que utilizam uma substância chamada contraste radiológico capaz de evidenciar melhor as partes do corpo que serão analisadas. Dentre os exames mais comuns que utilizam contraste, estão as radiografias, tomografias e a ressonância magnética.
O contraste radiológico é eficiente para realçar os tecidos que, em geral, não apareceriam tão nítidos nos exames de imagem sem o uso do mesmo.
2. Como surgiu o contraste radiológico
Um ano após o raio X ser inventado, o físico alemão Wilhelm Conrad elaborou uma pesquisa que incitava o uso da substância. Wilhelm compartilhou seu conhecimento por meio de um artigo “Sobre uma nova espécie de raios“, em 1895.
Ainda nesse ano, a primeira radiografia foi realizada, sendo uma imagem da mão esquerda da mulher de Conrad. Na época, o fato de poder observar o corpo por dentro sem que uma cirurgia fosse necessária, impactou a medicina. No entanto, não levou muito tempo até que médicos e também cientistas percebessem que as imagens radiográficas possuíam um certo tipo de limitação devido às sobreposições do corpo e das diferenças entre as densidades de tecido.
Assim, para quem desejasse observar os ossos, por exemplo, as imagens eram melhores. No entanto, quem desejasse ver estruturas de partes moles, enfrentava mais dificuldades.
Portanto, um ano depois da divulgação do artigo de Wilhelm, foi realizado um teste pela primeira vez com contraste. Este, era um raio X feito em um porco e que exibiu o estômago do animal junto a seu intestino. O processo foi feito com o órgão cheio de subacetato de chumbo.
Em 1897, foi realizado um dos primeiros estudos sobre a radiopacidade de agentes de contraste. Assim, foi possível realizar comparações de elementos como os de iodeto de potássio e subnitrato de bismuto.
Em 1918, o primeiro exame de contraste iodado em humanos foi feito e manipulado por via intravenosa.
Desde então, muitos testes foram realizados ao longo do tempo, até que em 1960 passou-se a usar três compostos:
- acido metrizóico;
- triiodado;
- metal acetamido benzóico.
Apenas depois de mais alguns anos que o contraste iodado virou padrão.
3. Importância do contraste na radiologia
Imagens radiográficas são construídas de acordo com a densidade do que capturam. Por isso, os ossos que são mais densos se destacam mais (ficam mais brancos) e os órgãos que são menos densos (ex: pulmões), absorvem menos radiação e ficam escuros nas imagens.
Dependendo do que se pretende visualizar, se não houver a administração do contraste, não há como realizar a avaliação diagnóstica adequada, e todo seguimento do paciente pode ser prejudicado.
Como exemplo, na avaliação de veias e artérias o contraste é fundamental para determinar a via percorrida pelo sangue e saber se em algum lugar há uma obstrução ou qualquer outro tipo de problema nestas estruturas.
4. Tipos e classificações dos contrastes radiológicos
Os contrastes podem ser classificados por conta de suas propriedades, sua aptidão de absorção e seus componentes químicos. Assim, podemos dividir os contrastes, por exemplo, quanto à sua radiodensidade (radiopacos ou radiotransparentes), ionização (iônicos ou não iônicos), osmolaridade, etc.
Como exemplo, os contrastes iodados podem ser manipulados por via oral, retal ou então intravenosa. Facilita, por exemplo, a avaliação das seguintes estruturas:
- aparelho digestório;
- trato urinário;
- vasos sanguíneos;
Os contrastes iodados possuem dois subtipos, iônico e não iônico. Os de composto iônico possuem uma maior osmolaridade em relação ao composto não iônico, o que aumenta a chance de reações adversas. Desta maneira, como regra, os contrastes iodados não iônicos tendem a ser mais seguros.
O sulfato de bário é um contraste que tem indicação de uso no trato digestivo e geralmente não apresenta reações adversas relevantes prejudiciais, quando bem indicado. Sua administração é por via oral ou retal.
O gadolínio é o contraste utilizado na ressonância magnética. É raro apresentar efeitos colaterais relevantes e é ótimo para detectar tumores e infecções.
5. Principais perigos no uso de contraste radiológico
Apesar de os exames realizados com contraste serem cada vez mais seguros, as chances que eles têm de causarem reações adversas de quem os utiliza ainda é real. Abaixo, veja alguns exemplos:
Reação cutânea
Caracterizada pelo aparecimento de urticária, edema na pele, prurido.
Reação sistêmica ou local mais grave
Anafilaxia e edema de glote.
Efeitos tóxicos da substância:
- Pele: com dores locais, vermelhidão, inchaço e crescimento de “caroços”;
- Estômago e intestino: enjoos, vômitos ou disenteria;
- Rins: diminuição da produção da urina;
- Cérebro: cefaleia, vertigem, confusão mental;
- Pulmões: fadiga, crises de asma;
- Coração: pressão alta, descompasso, parada cardíaca.
Reações vasomotoras, relacionadas com a ansiedade e dor na hora de aplicar, por exemplo, levando a:
- queda de pressão;
- diminuição de batimentos;
- desmaios;
- confusões mentais;
- calafrios.
Os efeitos adversos, em geral, se relacionam também com doses ou a concentrações do tipo de contraste usado. Eles também podem acabar variando de acordo com a rapidez de infusão e meio de utilização da substância química.
Quando um sinal ou sintoma de reação adversa aparece é necessário que o tratamento seja instituído rapidamente pela equipe médica do hospital.
Uma maneira para evitar que esse tipo de situação aconteça é perguntando se o paciente possui algum tipo de alergia. Caso positivo, pode-se oferecer medicamentos antialérgicos antes dos exames.
6. Como evitar as reações
Em pacientes que apresentam maior risco para desenvolver reações adversas, pode ser feito o protocolo de dessensibilização de contraste, administrando medicações como os corticoides e anti-histamínicos antes da realização do exame (o protocolo de dose e tempo de administração antes do exame varia de serviço para serviço).
Em todo o caso, antes de todo exame contrastado a ser realizado, é necessário que o paciente responda um questionário a fim de, principalmente, identificar possíveis reações adversas que o mesmo possa ter.
Além disso, pode ser necessário que o paciente faça provas para avaliação da função renal, visto que a maior parte do contraste de administração endovenosa é eliminado por esta via.
7. Principais exames que utilizam contraste
Dentre os principais exames que utilizam o contraste radiológico, estão:
Tomografia computadorizada: usa-se, em geral, o contraste iodado. Este exame é bastante comum para detectar doenças no cérebro, pulmão, fígado, rins, entre outros.
Ressonância magnética: utiliza-se o gadolínio. É um bom método para se avaliar os ossos e quase todos os órgãos do corpo.
Angiografia: neste exame, utiliza-se o contraste iodado para que se possa avaliar de forma detalhada os vasos sanguíneos e suas patologias, como o aneurisma ou arteriosclerose.
Urografia: um exame para avaliação do trato urinário, incluindo a capacidade funcional dos rins.
Estudo radiográfico com contraste do trato gastrointestinal: costuma-se fazer uso do sulfato de bário como contraste (a depender da indicação clínica).
Colangiografia: é um exame direcionado para avaliação das vias biliares. Neste caso, faz-se o uso do contraste iodado.
8. Cuidados e contraindicações do contraste radiológico
Conforme o tipo de contraste que será utilizado, há algumas contraindicações (relativas ou absolutas) – principalmente no uso de contraste iodado.
Pessoas com diabetes que fazem uso de metformina tem ressalvas quanto a utilização do contraste, pois esta medicação (metformina) pode diminuir a eliminação do contraste radiológico pelos rins. O caso deve ser avaliado pela equipe médica.
Pacientes com suspeita de perfuração de víscera oca não podem utilizar o sulfato de bário como contraste. Isso porque, essa é uma substância que pode causar uma extrema reação inflamatória quando em contato com as superfícies serosas (pleura e peritônio).
As reações, como mostramos, podem ser diversas, desde mais leves a mais graves. Por isso, é importante que o local que realiza a administração do contraste tenha um preparo especial para atender o paciente caso ocorram efeitos adversos.
Durante ou após o exame contrastado, podem surgir:
- irritações na pele;
- edema nos olhos e no rosto;
- náuseas;
- vômitos;
- enjoos;
- disenteria;
- vertigem;
- cefaleia;
- aumento ou queda de pressão;
- convulsão;
- dispneia;
- tosse;
- pigarro;
- voz rouca;
- arritmia;
- insuficiência renal.
Conclusão
Conhecemos e entendemos mais sobre o que é o contraste radiológico, como ele surgiu, os tipos existentes e para que eles servem.
Vimos também que diferentes tipos de exames pedem diferentes tipos de contraste. Para saber qual utilizar deve-se avaliar a situação do paciente e seu histórico clínico.
É fundamental que o exame com contraste aconteça apenas em locais que possuam meios para atendimento de eventuais reações adversas.