Radioproteção: o que é e os seus 3 princípios fundamentais
Antes de falarmos sobre radioproteção, vamos entender um pouco mais sobre radiação.
A radiação ionizante é amplamente utilizada tanto na indústria, quanto na medicina, sendo, então, uma grande aliada.
No entanto, pode implicar efeitos nocivos à saúde daqueles expostos a ela e ao meio ambiente.
O entendimento acerca da radiação tem início em 1896, quando Wilhelm Röntgen conduzia experimentos com corrente elétrica, descobrindo e nomeando o raio X.
Nessa mesma época, foi quando a famosa cientista Marie Curie deu nome a esse fenômeno – radioatividade – e conduziu diversos experimentos, descobrindo novos elementos químicos e desenvolvendo um aparelho portátil de raio X utilizado na Primeira Guerra Mundial.
Tamanha a grandiosidade de suas descobertas, foi premiada duas vezes com o prêmio Nobel.
Todo esse trabalho e exposição inadvertida à radiação, no entanto, foram acompanhados pela perda parcial de sua visão (catarata) e culminaram na morte da cientista, aos 66 anos, por anemia aplástica.
Dessa forma, foi necessário o desenvolvimento de maneiras seguras de se utilizar essas tecnologias tão cruciais – o que conhecemos hoje por Radioproteção.
O que é Radioproteção?
A radioproteção, ou proteção radiológica, é o conjunto de medidas que têm como objetivo proteger tanto as pessoas quanto o meio ambiente dos efeitos adversos provocados pela exposição à radiação.
Para isso, é importante compreender as fontes e os tipos de radiação envolvidos, bem como seus meios de interação com materiais vivos e inertes, aplicando as ferramentas de medição adequadas, para assim inferir e evitar seus potenciais efeitos.
Baseado em princípios fundamentais que abordaremos mais adiante, o objetivo é utilizar a radiação da maneira mais segura e eficiente possível, limitando a exposição de pacientes e profissionais a uma dose máxima estabelecida anualmente.
Vale ter em mente que a radioproteção é usada em uma variedade de aplicações, não apenas na medicina, como também na operação de indústrias nucleares, agricultura e diversas aplicações que usam fontes de radiação.
A proteção radiológica ainda está ativa na gestão de rejeitos, controle de materiais, transporte de veículos e no gerenciamento e descontaminação de materiais radioativos, evitando a contaminação do ambiente, de outros seres vivos e, por consequência, dos próprios humanos.
Qual é a importância da Radioproteção?
O corpo de uma pessoa exposta à radiação pode apresentar uma variedade de efeitos colaterais como resultado dessa interação.
Esses efeitos dependem de fatores como a dose de radiação e o tempo de exposição.
A radiação pode afetar as células, causando danos em seus elementos estruturais – induzindo morte celular – ou mutações genéticas.
Como consequência, causa aumento do risco para doenças como catarata e câncer, ou de óbito, a depender da dose irradiada.
Esses efeitos são retratados de maneira bastante interessante na série Chernobyl produzida pela HBO, bem como no filme Radioactive, da Netflix.
3 princípios fundamentais da radioproteção
Justificação
Indica que toda ação que envolva exposição a material radioativo ou radiação precisa de justificação com base nas outras opções. Assim como também, o uso de fontes radioativas deve resultar em algum benefício para a sociedade.
Otimização
Também conhecido como o princípio de ALARA (As Low As Reasonably Achievable ou Tão Baixo Quanto Razoavelmente Exequível). É a ideia de empregar todos os materiais e meios necessários para diminuir a dose de radiação, trabalhando com as seguintes variáveis:
- Barreira física ou blindagem;
- Diminuição do tempo de exposição;
- Maximização da distância em relação à fonte de radiação;
Limitação
Doses limite de radiação por ano para cada indivíduo – controlada através dos dosímetros. Os limites de dosagem anuais para pessoas e profissionais são definidos pela CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear).
Equipamentos de Radioproteção
Os equipamentos de radioproteção tem especial importância para os profissionais da área.
Uma pessoa que realiza um único exame de tomografia não será exposta a uma dose significativa.
Por outro lado, um médico da Radiologia Intervencionista (que realiza alguns procedimentos guiados por tomografia computadorizada por dia) pode receber uma grande quantidade de radiação.
Para esses profissionais, por exemplo, o uso dos protetores de tireóide podem reduzir a radiação recebida em 96%!
Para além das medidas individuais, é necessário elaborar toda uma estrutura adequada para evitar que a radiação se espalhe para além da sala de exame. Bem como estruturar toda a logística de gerenciamento e descarte de rejeitos radioativos.
Além disso, os estabelecimentos que oferecem esse serviço devem seguir um “Plano de Radioproteção” que deve conter todas as orientações que a equipe e outras pessoas devem seguir.
Qualquer instalação que trabalha com material radioativo deve elaborar este documento com as diretrizes de radioproteção que a serem seguidas rigorosamente.
Nele deve constar informações como a função, classificação e descrição das áreas da instalação; a descrição da equipe, responsáveis técnicos e dos equipamentos.
A radioproteção é assunto sério e requer profissionais altamente qualificados para elaborar suas estratégias, bem como compreensão e colaboração de todos nós para que possamos seguir utilizando essas tecnologias tão fundamentais de maneira segura.
Perguntas frequentes
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