A tireoide é uma glândula localizada na região anterior do pescoço, essencial para o bom funcionamento do organismo. Ela produz hormônios que regulam o metabolismo, influenciando o crescimento, o desenvolvimento e a energia do corpo. Problemas na tireoide podem resultar em distúrbios como hipotireoidismo, hipertireoidismo, nódulos e câncer de tireoide. Esses problemas podem afetar diversas funções corporais e impactar significativamente a qualidade de vida.

O diagnóstico e o tratamento desses distúrbios são cruciais para evitar complicações e manter a saúde. O hipotireoidismo, por exemplo, é caracterizado pela produção insuficiente de hormônios tireoidianos e pode causar fadiga, ganho de peso e depressão. Já o hipertireoidismo ocorre quando a glândula produz hormônios em excesso, levando a sintomas como perda de peso, ansiedade e palpitações. O tratamento varia de acordo com o distúrbio e pode incluir medicação, terapia com iodo radioativo ou cirurgia.

Este artigo visa explorar os aspectos fundamentais da tireoide, incluindo sua função, os principais distúrbios e as opções de tratamento disponíveis. Escrevi este conteúdo com base em pesquisas e referências confiáveis, revisando cuidadosamente cada detalhe para garantir que as informações sejam precisas e úteis. Espero que este artigo contribua para o entendimento da tireoide e auxilie na promoção da saúde e bem-estar.

 

Princípios Básicos

A tireoide é uma glândula endócrina situada na parte anterior do pescoço. Ela tem um formato semelhante a uma borboleta e desempenha um papel crucial na regulação do metabolismo do corpo. A glândula produz dois hormônios principais, a tiroxina (T4) e a triiodotironina (T3), que são responsáveis por regular a velocidade das reações químicas no organismo. Esses hormônios atuam em praticamente todos os tecidos, influenciando o crescimento, o desenvolvimento e a função de vários sistemas corporais.

A produção desses hormônios é controlada pelo hormônio estimulante da tireoide (TSH), que é secretado pela glândula pituitária, localizada na base do cérebro. O TSH regula a atividade da tireoide, garantindo que a quantidade de hormônios T3 e T4 circulantes seja adequada para as necessidades do corpo. Quando os níveis desses hormônios estão baixos, a pituitária libera mais TSH para estimular a tireoide. Da mesma forma, se os níveis estão altos, a secreção de TSH diminui.

O equilíbrio desses hormônios é essencial para a saúde geral. Distúrbios na tireoide podem levar a uma série de problemas de saúde, desde alterações no peso até doenças cardiovasculares. Por isso, a compreensão dos princípios básicos da tireoide é fundamental para a prevenção e o tratamento de suas disfunções. O diagnóstico precoce e o manejo adequado dos distúrbios tireoidianos são cruciais para manter o bem-estar e a qualidade de vida.

 

Função da tireoide

A principal função da tireoide é regular o metabolismo do corpo. Os hormônios tireoidianos, T3 e T4, desempenham um papel crucial nesse processo, influenciando a velocidade com que as células realizam suas atividades metabólicas. Eles afetam a maneira como o corpo usa energia, contribuindo para a regulação da temperatura corporal, o peso, a frequência cardíaca e até mesmo a digestão. Além disso, esses hormônios são importantes para o desenvolvimento adequado do cérebro, especialmente durante a infância e a gravidez.

A tireoide também desempenha um papel importante na regulação do cálcio no corpo, por meio da produção de calcitonina. Esse hormônio ajuda a controlar os níveis de cálcio no sangue, atuando nos ossos, nos rins e no intestino. A calcitonina auxilia na manutenção da saúde óssea e na prevenção de doenças como a osteoporose.

Além disso, a tireoide interage com outros sistemas endócrinos, como as glândulas suprarrenais e a hipófise, para manter a homeostase corporal. A interação entre a tireoide e esses sistemas é fundamental para a resposta do corpo ao estresse, o equilíbrio hormonal e a regulação do ciclo menstrual nas mulheres. Portanto, a função adequada da tireoide é vital para a manutenção da saúde e do bem-estar geral.

 

Distúrbios da tireoide

Os distúrbios da tireoide são condições que afetam a função da glândula tireoide. Eles podem resultar em produção excessiva ou insuficiente de hormônios tireoidianos, afetando diversos sistemas do corpo.

Dentre os principais distúrbios, podemos citar:

Hipertireoidismo: os hormônios da tireóide são liberados em grande quantidade, fazendo com que o organismo comece a trabalhar de forma mais veloz do que antes. Alguns dos sintomas do hipertireoidismo são: agitação fora do normal, aumento da frequência cardíaca e palpitações, perda de peso , e suor em excesso. Existem múltiplas causas para esse problema e a principal delas está relacionada a , a doenças autoimunes, algumas medicações, processos inflamatórios, ou mesmo alguns nódulos na glândula.

Hipotireoidismo: a tireóide libera menos hormônios, fazendo com que o corpo funcione mais devagar. Alguns dos sintomas do hipotireoidismo são: sonolência, redução da frequência cardíaca, cansaço, ganho de peso e depressão. Neste caso, o organismo age como se estivesse querendo poupar a pessoa de gastar muita energia.

Nódulo na tireóide: eventualmente, é possível observar o aparecimento de nódulos na tireóide, que em geral são assintomáticos. Na maior parte dos casos, quando se encontra um nódulo na tireóide o seu diagnóstico é benigno. Porém, é necessário sempre investigá-lo com ultrassonografia e algumas vezes realizar biópsia. A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia estima que cerca de 60% dos brasileiros possuirão nódulos de tireoide em alguma etapa da vida. Porém, apenas 5% desses casos são malignos.

 

Sintomas de distúrbios

Como dito anteriormente há uma grande variedade de sintomas relacionados a alterações da secreção hormonal da tireoide, e como podemos notar os sintomas do hipotireoidismo e hipertireoidismo podem ser opostos uns dos outros.

Para alguns grupos populacionais específicos precisamos ficar mais atentos a esses sintomas.

Os idosos maiores de 65 anos de idade podem ser mais suscetíveis a mudanças nos hormônios da tireóide. Em grande parte dos casos acontece o hipotireoidismo e nem sempre é necessário tratamento quando há alteração laboratorial, porém o paciente está assintomático.

Quem tem histórico familiar de parentes com problemas na tireóide precisa ficar atento, pois grande parte das doenças que acometem a glândula são autoimunes e sendo assim há um componente genético na sua ocorrência.

As mulheres também devem ter uma atenção maior quanto a isso, uma vez que são as mais acometidas por doenças autoimunes. A deficiência hormonal sempre deve ser tratada nas nas gestantes, pois esses hormônios são fundamentais no processo de desenvolvimento do feto.

O hipotireoidismo pode ocorrer também nos bebês recém-nascidos, que podem ter hipotireoidismo congênito e serem rapidamente diagnosticado através do teste do pezinho. O tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível para que não apresentem sequelas no futuro.

 

exame médico de tireóide

 

O que é Hipertireoidismo

O hipertireoidismo é um distúrbio caracterizado pela produção excessiva de hormônios tireoidianos. Isso leva a uma aceleração das funções metabólicas do corpo, resultando em sintomas como perda de peso, aumento da frequência cardíaca, ansiedade e tremores. Além disso, os indivíduos afetados podem experimentar alterações no apetite, sudorese excessiva e intolerância ao calor. O diagnóstico dessa condição é feito por meio de exames de sangue que medem os níveis de TSH e hormônios tireoidianos, além de avaliações clínicas e de imagem.

O tratamento do hipertireoidismo visa reduzir a produção de hormônios tireoidianos e aliviar os sintomas. As opções terapêuticas incluem medicamentos antitireoidianos, que diminuem a síntese de hormônios, terapia com iodo radioativo, que destrói parte da glândula tireoide, e cirurgia, que remove parte ou toda a tireoide. A escolha do tratamento depende da causa subjacente do hipertireoidismo, da gravidade dos sintomas e das condições de saúde do paciente.

A Doença de Graves é a causa mais comum de hipertireoidismo. Trata-se de uma doença autoimune em que o sistema imunológico ataca a tireoide, levando à sua hiperatividade. Outras causas incluem nódulos tireoidianos hiperfuncionantes e inflamação da tireoide. O manejo adequado do hipertireoidismo é essencial para prevenir complicações como a tempestade tireoidiana, uma emergência médica caracterizada por uma exacerbação severa dos sintomas.

 

O que é Hipotireoidismo

O hipotireoidismo é uma condição em que a glândula tireoide não produz hormônios suficientes. Isso resulta em uma desaceleração das funções metabólicas do corpo, levando a sintomas como fadiga, ganho de peso, depressão e intolerância ao frio. Os indivíduos também podem apresentar pele seca, queda de cabelo e constipação. O diagnóstico do hipotireoidismo é realizado por meio de exames de sangue que medem os níveis de TSH e T4, juntamente com uma avaliação clínica.

O tratamento do hipotireoidismo geralmente envolve a reposição hormonal com levotiroxina, um medicamento sintético que imita o hormônio T4. A dosagem da levotiroxina é ajustada individualmente, com base nos níveis de TSH e nos sintomas do paciente. O acompanhamento regular é importante para garantir que a dosagem seja adequada e para monitorar a resposta ao tratamento.

As causas do hipotireoidismo incluem a Tireoidite de Hashimoto, uma doença autoimune que ataca a tireoide, tratamentos prévios para o hipertireoidismo, como a terapia com iodo radioativo ou a cirurgia, e deficiência de iodo. O manejo adequado do hipotireoidismo é crucial para evitar complicações como o mixedema, uma condição grave caracterizada por edema e comprometimento da função cardíaca e mental.

 

Importância do Equilíbrio Hormonal

O equilíbrio hormonal é crucial para o funcionamento adequado do corpo. Os hormônios são substâncias químicas que agem como mensageiros, transmitindo sinais entre as células e os órgãos. Eles desempenham um papel fundamental em processos como crescimento, metabolismo, reprodução e regulação do humor. A tireoide, ao produzir os hormônios T3 e T4, contribui significativamente para esse equilíbrio, influenciando o metabolismo e a energia do corpo.

Quando ocorre um desequilíbrio hormonal, seja por excesso ou deficiência de hormônios tireoidianos, o impacto no organismo pode ser amplo. Isso pode afetar o peso, a temperatura corporal, a frequência cardíaca e até a saúde mental. Por isso, é essencial manter o equilíbrio hormonal para garantir o bem-estar geral. A detecção precoce de alterações nos níveis hormonais e o tratamento adequado são fundamentais para prevenir complicações.

Além da tireoide, outros sistemas endócrinos, como as glândulas suprarrenais e a hipófise, também desempenham papéis importantes na manutenção do equilíbrio hormonal. A interação entre essas glândulas e a tireoide é vital para a homeostase do corpo. Portanto, a compreensão do funcionamento da tireoide e sua relação com o sistema endócrino é essencial para a promoção da saúde e prevenção de distúrbios hormonais.

 

Desbalanço hormonal

O principal desbalanço hormonal da tireoide é o hipotireoidismo, os estudos populacionais mostram que cerca de 4,5% da população apresenta essa condição.

Ainda que o número de casos seja grande, muitos pacientes não têm o diagnóstico ou não fazem o tratamento de forma adequada.

A razão para isso acontecer se dá por conta da diversidade de sintomas, que faz com que o diagnóstico seja dependente de avaliação laboratorial e a dificuldade que algumas pessoas apresentam de ajustar a rotina para realizar o tratamento, que deve ser feito com uso de medicação pela manhã, 30 minutos antes da primeira refeição.

Já para o hipertireoidismo, estima-se que ele está presente em 1,3% da população, acometendo principalmente as mulheres e tabagistas.

 

Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico dos distúrbios da tireoide envolve uma combinação de avaliação clínica, exames laboratoriais e de imagem. Inicialmente, o médico realiza um exame físico, verificando a presença de inchaço ou nódulos na região da tireoide e avaliando sinais e sintomas que possam indicar um distúrbio tireoidiano. Após a avaliação clínica, são solicitados exames de sangue para medir os níveis de hormônio estimulante da tireoide (TSH) e, se necessário, de hormônios tireoidianos como T3 e T4.

Se os resultados dos exames de sangue indicarem um possível distúrbio, podem ser realizados exames de imagem para avaliar a estrutura da tireoide. A ultrassonografia é o exame mais comum, pois permite visualizar a glândula e identificar a presença de nódulos ou alterações no seu tamanho e forma. Em alguns casos, pode ser necessária a realização de uma biópsia, que consiste na retirada de uma pequena amostra de tecido da tireoide para análise microscópica, a fim de determinar a natureza de eventuais nódulos.

O diagnóstico preciso é fundamental para o tratamento adequado dos distúrbios da tireoide. A detecção precoce e o acompanhamento regular são importantes para evitar complicações e garantir o bem-estar do paciente. Portanto, é recomendável que indivíduos com sinais ou sintomas de distúrbios tireoidianos procurem avaliação médica para um diagnóstico correto e orientação sobre o tratamento mais apropriado.

 

Classificação TI-RADS

O TI-RADS, que significa Sistema de Relato e Dados de Risco de Tireoide, é uma ferramenta utilizada por médicos para classificar nódulos tireoidianos com base em suas características ultrassonográficas. Esse sistema ajuda a determinar o risco de câncer de tireoide e a decidir se é necessário realizar uma biópsia. Os nódulos são classificados em categorias que variam de TI-RADS 1, que indica ausência de nódulos, a TI-RADS 5, que sugere alta suspeita de malignidade.

A classificação TI-RADS leva em consideração vários aspectos do nódulo, como sua composição, ecogenicidade, forma, margens e a presença de calcificações. Por exemplo, nódulos sólidos e hipoecóicos com margens irregulares e microcalcificações têm maior probabilidade de serem malignos e, portanto, recebem uma pontuação mais alta no sistema TI-RADS. A utilização desse sistema visa padronizar a avaliação dos nódulos tireoidianos e reduzir o número de biópsias desnecessárias.

O uso do TI-RADS tem se mostrado eficaz na identificação de nódulos tireoidianos que necessitam de investigação adicional. Isso contribui para o diagnóstico precoce e o tratamento apropriado do câncer de tireoide, quando presente. Além disso, a padronização proporcionada pelo TI-RADS facilita a comunicação entre os profissionais de saúde e melhora o manejo dos pacientes com nódulos tireoidianos.

 

medico apresentando diagnostico sobre tireoide para paciente

 

Tratamentos

Os tratamentos para os distúrbios da tireoide variam de acordo com a natureza e a gravidade da condição. No caso do hipotireoidismo, o tratamento padrão é a reposição hormonal com levotiroxina, um medicamento que substitui o hormônio T4 que a tireoide não está produzindo em quantidade suficiente. A dosagem é ajustada individualmente, com base nos níveis de TSH e nos sintomas do paciente. O acompanhamento médico regular é essencial para monitorar a resposta ao tratamento e ajustar a dosagem conforme necessário.

Para o hipertireoidismo, as opções de tratamento incluem medicamentos antitireoidianos, que reduzem a produção de hormônios pela tireoide, terapia com iodo radioativo, que destrói parte das células tireoidianas, e cirurgia para remover parte ou toda a glândula. A escolha do tratamento depende da causa do hipertireoidismo, da idade do paciente, da presença de outras condições de saúde e da preferência do paciente.

Em casos de nódulos tireoidianos ou câncer de tireoide, o tratamento pode envolver cirurgia para remover o nódulo ou a glândula tireoide, seguida, em alguns casos, de terapia com iodo radioativo para eliminar quaisquer células tireoidianas remanescentes. O acompanhamento médico é crucial para monitorar a evolução da condição e ajustar o tratamento conforme necessário. O objetivo do tratamento é restaurar o equilíbrio hormonal e aliviar os sintomas, melhorando a qualidade de vida do paciente.

 

Conclusão

A tireoide desempenha um papel crucial na regulação do metabolismo e na manutenção do equilíbrio hormonal do corpo. Distúrbios dessa glândula, como hipotireoidismo e hipertireoidismo, podem ter um impacto significativo na saúde e na qualidade de vida. Portanto, é essencial compreender as funções da tireoide e reconhecer os sinais e sintomas de possíveis distúrbios. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para evitar complicações e garantir o bem-estar do paciente.

Os avanços na medicina têm melhorado as opções de diagnóstico e tratamento para os distúrbios da tireoide, permitindo uma abordagem mais personalizada e eficaz. É importante que os indivíduos busquem acompanhamento médico regular, especialmente se apresentarem sintomas que possam indicar um distúrbio tireoidiano. A colaboração entre paciente e profissional de saúde é vital para o manejo bem-sucedido dessas condições.

Em suma, a tireoide é uma glândula pequena, mas poderosa, cuja saúde é indispensável para o funcionamento harmonioso do organismo. A conscientização sobre a importância da tireoide e a adoção de um estilo de vida saudável contribuem para a prevenção de distúrbios tireoidianos. Assim, é possível promover a saúde geral e melhorar a qualidade de vida de indivíduos afetados por essas condições.

 

Recursos adicionais

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