A interpretação de raio X é uma parte muito importante quando o assunto é diagnóstico médico, uma vez que esse exame é frequentemente o primeiro passo na investigação por imagem de um paciente e em muitas localidades, o único método disponível, devido a falta de acessibilidade a métodos de diagnóstico complementares mais avançados, como tomografia computadorizada e ressonância magnética.
A leitura equivocada de uma radiografia pode fazer com que o paciente tenha que passar por exames e investigações desnecessários para se chegar a um diagnóstico definitivo. Por essa razão, é mais do que necessário que os médicos sejam aptos e tenham conhecimento sobre a importância de uma análise bem feita.
Pensando nisso, elaboramos este artigo com algumas informações básicas e importantes que podem ajudar o profissional de saúde a obter um resultado mais eficiente na interpretação de raio X.
Se você tem interesse nesse assunto, então continue conosco.
O que é e como funciona o raio X?
A imagem do exame de radiografia ou “raio X”, como é popularmente conhecida, é gerada através da interação entre a radiação ionizante e o filme/chapa sobre a qual ela incide. Funciona então como se fosse uma foto da parte de dentro do corpo, que pode mostrar os órgãos, vasos, ossos, e outras estruturas presentes.
Em geral, um técnico radiologista realiza o procedimento de forma simples e indolor, com o posicionamento adequado do paciente na frente do suporte e do filme. Quando acionado, o aparelho estimula o conteúdo ionizante no seu interior, que é concentrado em feixes de raio X direcionados para a região do corpo do paciente que será analisada.
Enquanto esses feixes de raios atravessam a região escolhida, uma parte deles será absorvida pelas estruturas do corpo, como os ossos, e outras passarão para o filme quase sem modificação, como os feixes que atravessam os pulmões.
Essa diferença na absorção dos feixes de raio X por estruturas de diferentes densidades, formam as imagens no filme fotossensível. Então, quando os raios chegam com uma intensidade maior na chapa, eles queimam o material fotossensível fazendo com que ele fique mais escuro, já quando chegam em menor intensidade o material fotossensível do filme não sofre alteração significativa, permanecendo em tons mais claros.
Por que uma boa interpretação de Raio X faz diferença?
No ano de 2016, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP) aplicou um teste aos médicos recém-formados. Os resultados divulgados pela instituição, permitem a análise de dados muito interessantes. O Conselho divulgou que cerca de 80% dos estudantes não souberam como interpretar um exame de radiografia e por conta disso, erraram a conduta terapêutica em determinada questão.
Como evidenciado pelo exame de ordem do CREMESP, o diagnóstico correto daquilo que se vê é importante na condução geral de um caso clínico e sua interpretação incorreta pode levar a uma cadeia de decisões equivocadas. Dada a frequência com a qual os médicos irão deparar-se com exames de raio numa ampla variedade de condições clínicas e cirúrgicas, é fundamental que se saiba fazer a sua correta interpretação.
Vantagens do exame de raio X
O raio X é um exame muito vantajoso, destacando-se principalmente o fato de possuir poucas contraindicações. É ainda um método de conhecimento popular, de forma que costuma ser bem aceito pela população.
Encontram-se entre as principais vantagens de escolher o raio X como um método de diagnóstico:
- Simplicidade;
- Rapidez;
- Método não invasivo;
- Acessibilidade quando comparada a métodos como TC e RM;
- Indolor;
- Pode ser usado na análise de diferentes partes do corpo;
- Boa visualização das estruturas ósseas;
- Custo baixo em comparação a outros exames.
Tipos mais comuns de exames de raio X
A radiografia, desde o seu surgimento, sempre serviu de método diagnóstico complementar dando suporte aos médicos e outros profissionais da área de saúde, através da possibilidade de ser aplicada no diagnóstico e na condução de uma variada gama de patologias, desde as mais simples às mais complexas.
Tudo isso por mostrar tecidos e órgãos do paciente sem que ele tenha que recorrer a métodos de investigação mais invasivos para descobrir o que há de errado.
As imagens ajudam a detectar fraturas, cáries, pneumonias, dentre uma série de outras doenças. Mas para que tudo isso possa acontecer, é preciso que haja assertividade na interpretação de raio X.
Há vários tipos de exames de raio X que podem ser feitos. Os mais comuns sendo:
Raio X do tórax
Provavelmente o Raio X do Tórax seja o exame mais conhecido no imaginário popular! A famosa chapa do tórax permite a análise de algumas estruturas vitais, como por exemplo, o coração, os pulmões, veias e as artérias centrais. A indicação mais frequente desse exame são as afecções inflamatórias e infecciosas dos pulmões e das vias aéreas.
Raio X do abdome
O Raio X do Abdome pode fazer a detecção de patologias que aparecem no sistema digestivo ou urinário. Na suspeita de alguns problemas digestivos, pode-se ainda recorrer ao uso de contraste via oral para tornar o conteúdo das alças intestinais mais visíveis.
Sua indicação mais comum é conhecida como rotina do abdome agudo obstrutivo, dado que alguns sinais de obstrução intestinal como distensão das alças podem ser prontamente visualizados nas radiografias do abdome.
Raio X da coluna
Os diversos elementos das vértebras (corpo vertebral, pedículos, elementos posteriores) costumam ser muito bem visualizados nas radiografias, tornando-a um exame útil na avaliação da coluna.
Pode ser dividido na análise da coluna cervical, dorsal, lombar e sacrococcígea a depender da indicação clínica. A interpretação de Raio X pode indicar alterações ósseas degenerativas, lesões tumorais suspeitas, fraturas, desalinhamentos, curvaturas patológicas, dentre outras alterações.
Fatores que podem influenciar na qualidade da interpretação de raio X
Além da capacitação dos profissionais para uma boa interpretação das imagens, os equipamentos usados acabam fazendo a diferença, aparelhos mais modernos podem gerar resultados satisfatórios com menor exposição do paciente à radiação, por exemplo.
Como destacado no início desse conteúdo, para que haja a produção da imagem, a radiografia faz uso de uma pequena quantidade de radiação ionizante. Em geral, cada exame expõe o paciente a uma dose muito baixa, e portanto, quando bem indicado pelo médico solicitante, tem uma relação custo-benefício bastante favorável.
Além dos detalhes que foram destacados anteriormente, é muito importante levar em consideração alguns pontos específicos que merecem atenção durante a interpretação de Raio X.
Para garantir que o exame transcorreu da melhor forma possível, é vital que se determine a qualidade da imagem que o equipamento obteve.
Isso acaba fazendo com que erros de análise sejam minimizados. Assim, deve-se levar em consideração pontos como:
Rotação
Por definição, a rotação é um aspecto indesejado. Os erros nesse caso costumam acontecer quando o paciente está rotacionado no eixo vertical, inclinado para a esquerda ou direita. O ideal para que a visualização não seja prejudicada, é que o exame não esteja “rodado“, como dito no jargão médico.
Os parâmetros para certificar-se que não há rotação no exame podem variar de acordo com o procedimento realizado. No exame de tórax, por exemplo, a ausência de rotação é atestada quando a distância entre a porção medial da clavícula e a linha imaginária traçada entre os processos espinhosos vertebrais são iguais em ambos os lados.
Inspiração
Assim como acontece com a rotação, a visualização das imagens acaba sendo afetada quando o paciente não realiza a inspiração de modo correto.
A adequada inspiração permite uma boa expansão do parênquima dos pulmões, facilitando a análise de todos os campos pulmonares de maneira minuciosa.
Uma radiografia de tórax pouco inspirada pode resultar em uma análise bastante limitada ou ainda levar o médico a uma interpretação equivocada.
Penetração
A penetração é outro ponto que se deve avaliar ao realizar um exame de raio X de acordo com cada procedimento feito. Como o próprio nome sugere, diz respeito à capacidade do feixe de raio X de penetrar a matéria, trocando em miúdos, à capacidade que esse feixe tem de atravessar os tecidos do corpo.
Usando a radiografia de tórax novamente como exemplo, diz-se que o exame apresenta uma boa penetração quando se visualizam os corpos vertebrais atrás da silhueta cardíaca.
Quando há baixa penetração, dentre outros elementos que dificultam o processo de interpretação de Raio X, pode-se haver maior dificuldade na detecção de alterações no parênquima pulmonar, como a identificação de nódulos e pneumotórax, por exemplo.