Tíbia e fíbula: como são as fraturas e tratamentos?
A tíbia e fíbula são os ossos da perna, que formam a parte do corpo popularmente conhecida como “canela”.
O esqueleto do corpo humano é formado por mais de 200 ossos, assim, é normal que não estejamos familiarizados com o nome de todos eles.
Ainda mais quando já sofreram mudança de nomenclatura no passado recente, como é o caso da fíbula, antes conhecida como perônio.
Preparamos esse conteúdo para explicar um pouco mais sobre as fraturas dos ossos da perna.
Se você tem essas dúvidas e quer saber um pouco mais sobre esses ossos, recomendamos a leitura deste conteúdo até o final!
1. Como é o esqueleto humano?
Os ossos do esqueleto humano são verdadeiros órgãos cuja função está relacionada à proteção de órgãos vitais, ao suporte estrutural e, junto ao sistema muscular, propiciar os movimentos do corpo humano.
O esqueleto de uma pessoa adulta é formado por 206 ossos, no entanto, o número tende a variar de pessoa para pessoa e de acordo com a idade.
Isso ocorre por variações da anatomia individual, certas pessoas possuem alguns pequenos ossos acessórios.
Já a variação com a idade ocorre porque durante o desenvolvimento há o surgimento de alguns ossos, como os sesamóides dos dedos, enquanto outros ossos se unem.
O número de ossos de uma criança costuma ser menor que o de um adulto.
Um exemplo de ossos que se unem com o tempo são os ossos da bacia.
Cada osso ilíaco é formado pela união de três outros ossos, o ílio, a púbis e o ísquio.
Algo muito similar ocorre na calota craniana onde os ossos frontais se unem na região da sutura metópica.
2. O que é a tíbia e a fíbula?
Os ossos da perna compõem a parte distal do esqueleto dos membros inferiores.
Esses ossos são estruturas muito fortes, devido a sua função de sustentação do peso de todo o corpo.
É importante entender que esse peso é multiplicado na deambulação, seja na marcha ou na corrida, quando o impacto de movimentos de desaceleração e aceleração são absorvidos por uma única perna a cada passada.
A tíbia e a fíbula são dois ossos longos, isto é, são formados por duas regiões metaepifisárias separadas por uma longa diáfise tubular e servem como inserção de diversos músculos da perna.
São responsáveis pela movimentação de flexão, extensão, eversão e inversão dos pés, extensão e flexão dos dedos e auxiliam ainda a flexão da perna sobre a coxa.
Tíbia e fíbula são fortemente unidas por uma articulação fibrosa, com extensão por quase toda a perna.
Essa membrana fibrosa recebe o nome de sindesmose ou membrana interóssea tibiofibular, e pode ser acometida em traumas e fraturas envolvendo os ossos da perna e tornozelo.
A tíbia encontra-se em posição medial, o que significa que está mais próxima a linha média do corpo na posição anatômica e articula-se diretamente ao fêmur e à patela proximalmente.
A fíbula por sua vez encontra-se em posição lateral.
Ambos os ossos articulam-se com o tálus, um osso do pé que se encaixa na depressão formada entre as duas projeções ósseas distais da tíbia e da fíbula, os maléolos medial e lateral, respectivamente.
3. Como é a tíbia?
A tíbia é o principal osso da perna responsável por transmitir as forças mecânicas relacionadas à deambulação.
Compõe parte do aparelho extensor do joelho, como local para a fixação distal do ligamento patelar, que se insere na tuberosidade da tíbia.
A porção proximal do osso se articula com o fêmur. O platô tibial, compõe a superfície inferior da articulação do joelho.
Este platô é composto por duas faces articulares, uma medial (côncava) e uma lateral (convexa), as quais se articulam com os côndilos femorais.
Entre os platôs medial e lateral, temos eminência intercondilar composta por duas espinhas tibiais, uma proeminência óssea com relação com raízes meniscais e com o ligamento cruzado anterior.
Uma forte estrutura fibrosa, a membrana interóssea, é responsável por conectar a tíbia e a fíbula ao longo do comprimento da diáfise desses dois ossos.
Proximalmente, essa estrutura é reforçada por fortes ligamentos que compõem uma articulação sinovial, chamada de articulação tibiofibular proximal.
Distalmente, a membrana interóssea e três ligamentos, os ligamentos tibiofibular anterior inferior, posterior e transverso servem para estabilizar a articulação superior do tornozelo.
O maior suprimento de sangue da tíbia vem dos vasos periosteais ramos das artérias tibiais anterior e posterior, ramos diretos da artéria poplítea.
4. Como é a fíbula?
Anteriormente nomeada de perônio, a função principal da fíbula relaciona-se à fixação da musculatura da perna.
Ou seja, ao contrário da tíbia, a fíbula não tem um papel estrutural significativo na sustentação do peso corporal e transmissão de forças na marcha.
É fixada à tíbia através da sindesmose tibiofibular, cujas fibras são organizadas para resistir à tração descendente final da fíbula.
A fíbula tem uma cabeça na sua parte proximal que, por sua vez, tem um ápice. Além disso, também tem o colo e o corpo.
O corpo da fíbula é triangular ao corte transversal.
Possui três margens: anterior, interóssea e posterior; e três faces: medial, posterior e lateral.
A extremidade distal é formada pelo maléolo lateral, que forma a articulação talocrural em conjunto com o pilão tibial e o maléolo medial da tíbia.
5. Quais são as fraturas de tíbia e/ou fíbula?
As fraturas dos ossos da perna são mais comuns em crianças, ocupando a terceira posição de incidência entre as fraturas em crianças e adolescentes.
Nas crianças menores, o trauma direto e lesões de torção são os mecanismos mais frequentemente envolvidos.
Já crianças maiores e adolescentes podem sofrer fraturas devido a acidentes com veículos e lesões relacionadas a esportes.
Fraturas dos ossos da perna costumam impedir a deambulação devido a grande dor e comprometimento funcional.
Uma exceção a essa regra pode ocorrer em fraturas fibulares isoladas.
Fraturas recorrentes em crianças com menos de 2 anos associadas a mecanismos de trauma suspeitos sempre devem gerar atenção à suspeita médica de abuso ou violência.
Nesses casos, radiografias do corpo inteiro em busca de lesões com diferentes fases de cicatrização podem contribuir para a confirmação dessa suspeita.
6. Qual o tratamento para fraturas na tíbia e/ou fíbula?
O tratamento geral de fraturas envolve alívio álgico e a sua redução.
Ou seja, realocar o osso em sua posição habitual, seja por meio de uma cirurgia (redução cruenta ou aberta) ou pela manipulação da região sem necessidade de incisões na pele (redução incruenta ou fechada).
Para plena cicatrização óssea, deve-se manter os fragmentos da fratura justapostos e imobilizados enquanto o osso se recupera.
Os dispositivos que são usados para manter o osso no lugar durante a recuperação são:
- tala gessada;
- aparelho gessado;
- osteossíntese com placas e parafusos metálicos (requer cirurgia);
- osteossíntese apenas com parafusos metálicos (requer cirurgia);
- osteossíntese com haste intramedular (requer cirurgia);
Além disso, o médico poderá prescrever medicamentos conforme for o nível de dor do paciente.
Mais exames de imagem podem ser solicitados durante o processo de recuperação do osso.
7. Fraturei a tíbia e/ou fíbula. Posso praticar exercícios?
Em um prazo estipulado pelo médico, o paciente poderá começar a praticar exercícios para recuperar a amplitude dos movimentos que costuma estar limitada por diversos fatores (imobilidade prolongada, dor, hipotrofia muscular, entre outros).
Ter o auxílio de um fisioterapeuta é importante e muitas vezes imperativo para ajudar nesta etapa da recuperação e reabilitação.
A prática de esportes ou exercícios mais intensos só é aconselhada após a recuperação total do sistema musculoesquelético, sob reavaliação médica.
8. Qual o tempo de recuperação?
O tempo de recuperação de uma fratura da tíbia ou fíbula irá variar conforme o nível da lesão, podendo levar semanas ou até meses, em casos mais graves.
Este tempo de recuperação depende ainda de outros fatores como a idade do paciente, comorbidades e capacidade de recuperação individual.