Muitas pessoas não sabem, mas monitores comuns não são adequados para visualização e análise de imagens médicas. As configurações de hardware encontradas em monitores usuais são mais limitadas do ponto de vista das exigências de contraste, resolução e outros fatores que podem influenciar de forma negativa o trabalho dos radiologistas.

Por essa razão, monitores especializados são um nicho de desenvolvimento tecnológico e seu uso é fundamental  para avaliação de exame radiológico com a qualidade adequada.

Convidamos a ler este conteúdo preparado para apresentar um pouco mais sobre as diferenças encontradas nesses aparelhos!

Como o monitor para avaliação de exame radiológico funciona

Os monitores médicos contam com características e especificações exclusivas para garantir a qualidade das imagens analisadas. No entanto, antes de entender melhor o que são esses monitores e quais suas diferenças em comparação com os monitores comuns, é preciso entender melhor sobre monitores em geral.

Entre as principais características que definem a qualidade de um monitor estão a luminância, taxa de contraste, tamanho e resolução.

A luminância é a medida da intensidade de uma luz refletida em uma direção. Ela é medida em candela/m2, sendo a candela (vela, em latim), uma unidade de intensidade luminosa do sistema internacional de medidas. Historicamente, recebeu esse nome pois 1 candela seria proporcional à intensidade de luz que uma vela emite.

A taxa de contraste é a medida da variação entre o brilho máximo emitido por um pixel completamente branco e o mínimo emitido por um pixel preto. Isso significa que, para uma relação de contraste de 100:1, cada branco que vemos é 100 vezes mais claro do que o preto.

Quanto ao tamanho, é a medida física que define a dimensão, em polegadas, da diagonal da tela do monitor.

Por fim, a resolução representa a matriz de um monitor, ou seja, a quantidade de linhas horizontais e verticais que um monitor pode exibir, dada em pixels.

Há ainda outros tipos de características, como as elencadas abaixo, que apesar de desempenharem papel importante na análise radiológica, costumam ter maior destaque para o trabalho de edição gráfica e de vídeos ou para uso em entretenimento como em set-ups de monitores gamers.

  • Taxa de atualização;
  • Tempo de resposta;
  • Suporte de cores;
  • Ângulo de visão.

 

O que é um monitor médico

monitor médico

Ao contrário de um monitor comum, o monitor médico conta com um sistema de controle de qualidade de imagem, que deve obrigatoriamente atender aos requisitos mínimos definidos pelos órgãos reguladores na área da saúde. Esses requisitos devem ainda se manter ao decorrer de toda a sua vida útil, sendo importante o trabalho de manutenção e verificação de qualidade periódico.

Além de uma luminância mais expressiva, com valores em geral igual ou superiores a 350 cd/m² (monitores comuns ficam na casa de  200 a 250 cd/m²), esses monitores garantem a uniformidade da luminância da tela.

Já em relação à taxa de contraste, os monitores médicos em geral contam com uma relação de contraste por volta de 10.000:1.

Como dito, esses requisitos devem passar por revisões periódicas, ao contrário do uso de monitores comuns onde não há problemas significativos na experiência do usuário se algumas dessas características sofrerem mudanças ao longo do tempo de uso, no caso dos monitores médicos, qualquer variação, por menor que seja, entre alguma destas características, poderá resultar em um diagnóstico ou análise imprecisa.

 

Tipos de monitores médicos

tipos de monitores médicos

Há três tipos de monitores médicos, que são: clínicos, diagnósticos e cirúrgicos.

  • Os monitores clínicos são úteis para visualizar imagens quando o médico não irá emitir algum laudo a partir dela. Na maioria das vezes, esses monitores são usados nos consultórios médicos apenas para visualizar de forma rápida.
  • Os monitores diagnósticos são usados por radiologistas na análise de imagens e emissão de laudos de radiografias, tomografias, ressonâncias magnéticas, entre outros.
  • Os monitores cirúrgicos são usados para os procedimentos mais invasivos, como endoscopias, broncoscopias e procedimentos minimamente invasivos como aqueles relacionados à radiologia intervencionista e hemodinâmica.

 

Especificações técnicas

Cada tipo desses três usos de monitores com diferentes aplicações, apresentados no tópico anterior, contam com suas particularidades técnicas. Um monitor para realização de laudos de ultrassonografia ou para visualização de imagens em um consultório médico, por exemplo, pode não ser adequado para análise de imagens e emissão de laudo de uma mamografia diagnóstica ou de uma tomografia. Isso ocorre porque cada uso possui requisitos específicos e conta com características próprias, tais quais a resolução do monitor, brilho ou luminância.

A resolução ideal varia de acordo com a modalidade de exame. No  caso de uma tomografia, a resolução mínima recomendada é a de 1M pixels (≥1280 x 1024), para a análise de uma radiografia, é preciso ter uma resolução de ao menos 3M pixels (≥1920×1440) enquanto para a mamografia, a resolução ideal é de ao menos 5M pixels (≥2560×2048).

 

Normativas técnicas

normas tecnicas para uso de monitores medicos

Para estabelecer requisitos aos monitores diagnósticos, o American College of Radiology (ACR) criou um Normativa Padrão Técnica para Prática Eletrônica de Análise de Imagens Médicas (ACR Technical Standard for Electronic Practice of Medical Imaging).

Esse padrão surgiu, pela primeira vez, em meados de 1994 e até hoje segue atualizado regularmente por revisões periódicas. Além disso, nos dias de hoje, esse padrão passou a ser endossado e revisado em conjunto com a American Association of Physicists in Medicine (AAPM) e a Society for Imaging Informatics in Medicine (SIIM).

O padrão determina não só como exibir as imagens, mas também como capturá-las e armazená-las, com o intuito de fornecer maior qualidade às imagens médicas e, como resultado, a sua análise, aos laudos diagnósticos e aos procedimentos. Dentro deste contexto, exige conformidade com o conjunto de normas DICOM®  (Digital Imaging and Communications in Medicine ou Comunicações e Imagens Digitais em Medicina) e também com o relatório TG18 (AAPM Task Group 18 ou Grupo Tarefa 18 da AAPM).

O DICOM® é um padrão internacional que tem como função padronizar o armazenamento e comunicação de imagens médicas. Esse padrão estabelece uma série de normas para certificar a qualidade essencial das imagens médicas, por exemplo, na sua parte 14, conhecida como DICOM GSDF (Grayscale Standard Display Function) que determina qual será o padrão de exibição em escala de cinza, para os monitores médicos para que as imagens sejam exibidas de forma consistente.

Já o relatório TG18, definido pela AAPM (American Association of Physical Medicine), estabelece os padrões de controle de qualidade de avaliação de desempenho dos monitores médicos.

Dentro do território nacional, a resolução 2.107 de 2014 do Conselho Federal de Medicina (CFM) que versa sobre a regulamentação da telerradiologia no Brasil, define, dentro da infraestrutura tecnológica apropriada  para exercício da telerradiologia diagnóstica, o uso de monitores com resolução espacial e de contraste adequadas a cada modalidade diagnóstica e controle interativo de brilho/contraste.