PACS, RIS, CIS, LIS e HIS: o que são, como funcionam, quais as diferenças para hospitais e clínicas
Não é nenhuma surpresa que a Medicina apresenta muitos jargões e siglas entre os profissionais da área. Entretanto, é natural que pessoas de diferentes indústrias se comuniquem assim, o que pode trazer mais clareza e mais assertividade. Acrônimos, por exemplo, oferecem uma forma resumida de descrever situações, processos e conceitos que de outra forma levariam mais tempo para serem discutidos. Vimos muito bem como isso acontece no artigo sobre a Tabela TUSS, que tem como objetivo padronizar os códigos e nomenclatura dos procedimentos médicos. Ou seja, profissionais de Radiologia já estão acostumados com termos específicos em sua área.
As práticas radiológicas modernas processam uma grande quantidade de dados em comparação com outras práticas. Isso porque existem radiografias, varreduras de TC e outras imagens de diagnóstico que precisam ser armazenadas e disponibilizadas para todos os profissionais interessados através da rede.
Para isso, a Radiologia caminha ao lado de quatro grandes ferramentas e, nesse momento, siglas como PACS, RIS, CIS, LIS e HIS, que auxiliam em uma comunicação mais efetiva, podem deixar alguns profissionais confusos.
Vamos falar nesse artigo sobre essas importantes ferramentas que auxiliam a Radiologia e os estabelecimentos de atendimento em saúde mantendo a prática à frente de diagnósticos e tratamentos de doenças.
Índice
PACS: Sistema de Arquivamento e Compartilhamento de Imagens
PACS é a sigla para Picture Archive and Communication System (Sistema de Arquivamento e Compartilhamento de Imagens).
No sistema, é possível armazenar arquivos de exames em formato DICOM, que permite o armazenamento de imagens de exames (Ex.: tomografia, ressonância, etc.), vídeos de exames, documentos “dicomizados”, e até laudos médicos. Ou seja, é um sistema utilizado para armazenar praticamente todos os arquivos relacionados a exames para diagnóstico. Assim, qualquer membro da equipe interna da clínica ou hospital pode pesquisar por essas informações e levantar mais dados de exames específicos a qualquer momento de maneira organizada.
A prática da Radiologia moderna que não utiliza impressão em filme ou papel, que podem ser exames de TC, RM, raios X, por exemplo, usam servidores locais ou em nuvem para mais conveniência, manejo e até responsabilidade ambiental. Inclusive, as melhores empresas de telerradiologia oferecem integração com PACS local para a transmissão das imagens de exames de forma automática (saiba mais em O que é Telerradiologia?).
O principal objetivo do PACS é facilitar o gerenciamento das imagens para monitorar a evolução de um paciente que está passando por tratamento/recuperação.
É indiscutível que, em meio a um grande avanço da telemedicina, Centros de Diagnóstico por Imagem que têm sobrevivido com um sistema baseado em papel ou filme, estejam prestando um serviço arcaico tanto aos seus funcionários quanto pacientes. Isso porque os recursos e tempos dispersos para localizar cópias impressas das imagens são relativamente desproporcionais a uma organização com o PACS integrado. Aliás, nem falamos sobre a possibilidade de mal armazenamento ou perda dessas imagens, sem contar os altos custos logísticos.
O sistema pode transmitir rapidamente arquivos de imagens de exames entre centros de imagem, médicos e pacientes. Certamente, isso não beneficia a empresa somente em organização, mas também em lucratividade – visto que os custos são reduzidos e seus clientes mais satisfeitos.
Principais funções de um PACS:
- Criação de listas de trabalho (para técnicos de radiologia, radiologistas, modalidades, etc.)
- Aquisição de imagens de exames.
- Transferência de imagens de exames.
- Armazenamento de imagens de exames.
- Distribuição de imagens de exames para outros sistemas (RIS, HIS, por exemplo)
- Busca e recuperação de imagens de exames.
- Visualização de imagens de exames (normalmente os sistemas são acompanhados de visualizadores DICOM).
- Acompanhamento e gestão do fluxo de trabalho das fases dos exames.
RIS: Sistema de Informação de Radiologia
RIS é a sigla para Radiology Information System (Sistema de Informação de Radiologia). É o software que atua como “cérebro” de um centro de imagem, ajudando a equipe da clínica ou hospital a manter o controle sobre todos os exames realizados de todos os pacientes, de maneira organizada e padronizada.
Em outras palavras, com um sistema RIS, a organização conta com um fluxo de trabalho mais ágil e independente, visto que é um software especializado e projetado para as práticas radiológicas.
Como exemplo, o Centro de Diagnóstico por Imagem pode combinar laudos de um paciente com as imagens que foram geradas e com imagens anteriores, possibilitando o acesso a uma linha do tempo sobre o paciente.
Da mesma forma, com um sistema RIS, também é fácil compartilhar informações com médicos solicitantes e com médicos da própria equipe. Obviamente, empresas sérias seguem a regulamentação vigente e disponibilizam para seus clientes ferramentas robustas para transmissão de imagens, garantindo segurança e privacidade dos dados dos pacientes de ponta a ponta. Além de proteções para manter somente acessos autorizados.
Um grande diferencial do PACS, é que sistemas RIS possibilitam o agendamento de exames. Sistemas RIS modernos contam com sistema de agendamento com interface web, onde o paciente pode agendar seu exame por conta própria e adiantar várias atividades da recepcionista, como o fornecimento do pedido médico e dados clínicos de antemão. Este módulo permite ainda uma integração com as modalidades do centro de imagem (equipamentos de TC, RM, etc), de modo que o técnico radiologista tenha acesso no console do equipamento os próximos pacientes agendados para o dia.
Em organizações que não utilizam o sistema RIS, não agendar consultas de rotinas é comum devido a um acompanhamento generalizado dos pacientes. Ou seja, sem um sistema RIS, a equipe pode perder tempo e deixar passar detalhes importantes sobre o progresso do paciente, desde o diagnóstico até a cura. Relatórios regulares de cada paciente são mais práticos e automatizados com um RIS.
Outra função extremamente importante dos RIS modernos é o controle de estoque, financeiro e de faturamento do centro de imagem. O sistema permite fazer a gestão do nível de estoque dos principais insumos, controlar despesas, emitir relatórios e gerenciar o faturamento e glosas com planos de saúde. Isso faz desses sistemas uma ferramenta essencial na gestão do dia a dia. Abaixo as principais funções de um RIS:
- Admissão de pacientes para exames.
- Agendamento de exames.
- Integração DICOM Worklist com modalidades (lista de exames a serem realizados é enviada para os equipamentos)
- Gestão do fluxo de trabalho da radiologia com diferentes status, desde admissão do paciente, realização do exame, preparação do laudo, até a entrega do resultado para o paciente.
- Criação de listas de trabalho para os médicos radiologistas com integração com PACS.
- Ferramentas de análise de exames e preparação de laudos através da integração com PACS.
- Armazenamento de laudos de exames e achados.
- Busca e recuperação de imagens de laudos de exames para médicos.
A figura abaixo ilustra algumas funcionalidades típicas de um RIS quando integrado a um PACS:
CIS: Sistema de Informação Clínica
CIS é a sigla para Clinical Information System (Sistema de Informação Clínica) e unifica as soluções de softwares que auxiliam no gerenciamento de dados e informações da clínica médica. Em geral sistemas HIS possuem seus próprios módulos CIS, com as principais funções:
- Gestão da interação e contatos com os pacientes.
- Procedimentos que afetam o paciente de forma física, psicológica ou fisiológica.
Dentro de uma organização de saúde, um CIS ajuda a unir todas as informações e dados dos pacientes, possibilitando mais acessibilidade e organização à equipe. Isto é, informações como datas de consultas, necessidade de novos exames, progresso da recuperação ou tratamento de um paciente podem ser facilmente acessados dentro de um sistema CIS. A clínica médica em geral considera suas atividades como parte de um processo que normalmente é composto pelos seguintes passos:
- Entrevista
- Exame clínico
- Investigação / exames
- Determinação do diagnóstico
- Planejamento
- Tratamento
- Monitoramento e avaliação
- Finalização / alta
Resumo das principais funções de um CIS:
- Planejamento do tratamento de pacientes.
- Auxílio para decisões clínicas.
- Aquisição, submissão e recuperação de dados clínicos.
LIS: Sistema de Informações de Laboratório
LIS é um sistema informatizado que registra, gerencia e armazena dados e informações para laboratórios de análises clínicas. É a sigla para Laboratory Information System (em português: sistema de informação de laboratório).
O sistema ganhou reputação por agilizar a operação de laboratórios de análises clínicas, visto que aumenta a agilidade do envio de pedidos médicos para exames laboratoriais, rastreando e registrando os pedidos e resultados em um banco de dados, que pode ser acessado por profissionais autorizados.
O LIS é considerado um bom software de apoio para organizações de saúde (como hospitais e clínicas) e seus laboratórios associados, podendo gerenciar e relacionar dados sensíveis de pacientes, como informações sobre a infecção, a imunologia, o diagnóstico e o tratamento.
Principais funções de um LIS:
- Recebimento de ordens/pedidos de exames laboratoriais.
- Gestão e realização de exames.
- Entrega e distribuição de resultados de exames.
HIS: Sistema de Informação Hospitalar
Um sistema informatizado de gestão hospitalar, também conhecido como HIS, do inglês Hospital Information System, é um software, ou conjunto de softwares, para a área da saúde que foca nas necessidades administrativas de hospitais. Ele é projetado para gerenciar todos os aspectos do funcionamento de um hospital, tais como assuntos médicos, administrativos, financeiros, legais e operacionais.
Um HIS também pode ser visto com a sigla HMS, do inglês Hospital Management Software (software de gerenciamento hospitalar).
O software fornece informações sobre o histórico de saúde do paciente através de acessos restritos. Assim, permite que os profissionais do hospital possam desenvolver, registrar e consultar todo o atendimento de cada paciente que fez admissão. Dentre as informações estão o prontuário eletrônico, histórico de admissões, exames por imagem e laudos médicos que irão auxiliar no diagnóstico e tratamento, além de dados pessoais e financeiros.
O HIS também integra a comunicação interna e externa entre a equipe e entre prestadores de serviços de saúde. Sendo os mais modernos até mesmo com sistemas multiplataformas (para tablets, celulares e computadores). Basicamente, é o “cérebro” do hospital, englobando normalmente os outros sistemas aqui mencionados neste artigo. A figura abaixo mostra uma relação típica entre os sistemas HIS, RIS e PACS integrados em um ambiente hospitalar:
Tabela Comparativa
Desenvolvemos uma tabela comparativa para simplificar o entendimento sobre os sistemas. Vale ressaltar que fornecedores diferentes podem apresentar funcionalidades e ferramentas diferentes. Portanto, a tabela apresenta características comumente encontradas nos softwares:
Conclusão
Ainda existem na Radiologia algumas práticas que não utilizam imagens digitais. Mas, seus dias estão contados visto que a transição para arquivos digitais se estende a todas as indústrias. Por sua vez, a saúde é uma das grandes beneficiadas pela atualização e integração de modernas ferramentas de softwares, padrões e protocolos.
Centros de Diagnóstico por Imagem que ainda não implantaram essas soluções ou que não conhecem soluções modernas como a telerradiologia, correm o risco de serem ultrapassados. Ou seja, consumindo esforço e recursos para tentar modernizar suas próprias operações.
Concluímos que, com um sistema robusto e atualizado, o dia a dia de um Centro de Diagnóstico por Imagem de uma clínica ou hospital pode ser mais leve e funcional. As equipes podem passar menos tempo procurando e recuperando informações vitais, estando livre para aplicar seu tempo diretamente no cuidado e bem-estar do paciente.
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