BI-RADS: classificações e categorias nos laudos dos exames de mamas

|27 nov, 2024|Categorias: Diagnóstico|3,4 min de leitura|
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O BI-RADS é um sistema de classificação que padroniza o diagnóstico e tratamento dos achados mamários.

Ele é utilizado por médicos radiologistas ao laudarem os exames de mamas para garantir mais clareza na comunicação com os médicos solicitantes.

Mas, como essa classificação funciona na prática? E o que significam essas categorias? Vamos falar sobre tudo isso, neste conteúdo.

 

O que é BI-RADS?

BI-RADS é um sistema de classificação utilizado para padronizar a descrição de achados em exames de imagem das mamas e padronizar a conduta sugestiva.

O objetivo principal é ajudar na comunicação entre os profissionais de saúde e indicar claramente o próximo passo, que pode ser desde repetir os exames até investigá-los com mais profundidade.

A sigla significa Breast Imaging Reporting and Data System e o sistema foi desenvolvido pelo American College of Radiology (ACR).

Com essa classificação, é possível evitar a confusão nos laudos e facilitar tanto o diagnóstico quanto a conduta clínica. Ela pode ser aplicada em laudos de diferentes exames, como mamografia, ultrassonografia e ressonância magnética.

 

Categorias

Cada categoria do BI-RADS sugere o risco e o plano de ação conforme os achados, sendo:

  • BI-RADS 0: exame inconclusivo. Requer imagens adicionais ou comparações com exames anteriores.
  • BI-RADS 1: exame normal. Nada de anormal detectado.
  • BI-RADS 2: achados benignos. Nada a se preocupar.
  • BI-RADS 3: achados provavelmente benignos. É recomendado acompanhamento a curto prazo.
  • BI-RADS 4: achados suspeitos, dividindo-se em subcategorias (4A para baixa suspeita e 4C para alta). É indicado uma biópsia.
  • BI-RADS 5: achados altamente sugestivos de malignidade. Ação imediata necessária.
  • BI-RADS 6: confirmação de malignidade em biópsia.

 

Subcategorias do BI-RADS 4

A categoria 4, como vimos, não é homogênea. Dentro dela, temos três níveis de suspeita de malignidade dos achados:

  • 4A: baixa suspeita (risco de 2 a 10%).
  • 4B: suspeita moderada (risco de 10 a 50%).
  • 4C: alta suspeita (risco de 50 a 95%).

Essa subdivisão é necessária, pois ajuda a planejar os próximos passos, desde o tipo de biópsia até à abordagem psicológica com a paciente.

 

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O BI-RADS 0 é perigoso?

O resultado BI-RADS 0 costuma gerar ansiedade nas pacientes, afinal, o termo “inconclusivo” pode parecer alarmante. Mas, mantenha a calma…

O BI-RADS 0 indica que o médico radiologista (quem realiza o diagnóstico) precisa de mais informações para chegar a uma conclusão. Assim, pode ser necessário comparar com exames anteriores ou realizar imagens adicionais, como compressão localizada.

Na maioria das vezes, o BI-RADS 0 resulta em uma reclassificação para categorias mais baixas após essas novas avaliações.

 

O dilema da categoria 3

Achados “provavelmente benignos” pode parecer reconfortante, mas também traz dúvidas, assim como a categoria 0.

No BI-RADS 3, o risco de malignidade é menor que 2%. Então, “por que não descartar logo o achado?”

Aqui entra a sensibilidade da padronização: essa categoria serve para monitorar alterações discretas ao longo do tempo, evitando que biópsias desnecessárias sejam realizadas.

O acompanhamento típico envolve exames repetidos em 6, 12 e 24 meses.

 

Opinião do autor

O BI-RADS organiza um tema complexo de forma padronizada e funcional, tanto para os profissionais quanto para as pacientes, facilitando o diálogo e orientando os próximos passos no cuidado à saúde.

Porém, sua aplicação exige mais do que seguir protocolos. É preciso sensibilidade para entender que cada laudo representa não apenas números ou categorias.

Apesar de sua eficácia, o BI-RADS não é infalível e pode ter limitações, tais como:

  • variabilidade na interpretação (radiologistas podem discordar sobre uma classificação específica);
  • dependência de exames de imagens de alta qualidade;
  • e fatores subjetivos, como a experiência do radiologista – o que influencia diretamente a análise.

Ainda assim, essa padronização é um avanço inegável, já que traz mais objetividade à radiologia mamária. E, no fim das contas, o objetivo é um só: proporcionar uma medicina diagnóstica de qualidade ao alcance de todos.