BI-RADS é um sistema padronizado para classificar os resultados de exames de imagem da mama que ajuda os médicos a interpretar e comunicar os achados de mamografia, ultrassonografia e ressonância magnética de forma clara e consistente.

Desenvolvido pela American College of Radiology, ele visa orientar as decisões clínicas, facilitando a compreensão dos resultados dos exames e as recomendações de acompanhamento ou tratamento.

O sistema BI-RADS categoriza os resultados em sete níveis, variando de 0, que indica a necessidade de imagens adicionais, até 6, que representa uma lesão mamária comprovadamente maligna por biópsia.

Essa estrutura não apenas padroniza a interpretação dos resultados, mas também fornece orientações claras sobre os próximos passos, seja para monitoramento, investigação adicional ou intervenção.

A utilização do BI-RADS melhora a comunicação entre os profissionais de saúde, aumentando a precisão diagnóstica e otimizando o manejo do paciente.

Este artigo se propõe a explorar em profundidade o sistema BI-RADS, discutindo sua importância no diagnóstico por imagem da mama e como ele contribui para a detecção precoce e tratamento do câncer de mama. Através de uma análise detalhada, os leitores ganharão uma compreensão abrangente dos critérios de classificação, da aplicabilidade clínica e das implicações práticas do BI-RADS na prática médica atual.

 

Conceito de BI-RADS

Breast Imaging Reporting Data System (BI-RADS), ou Sistema de Laudos e Dados para a Imagem da Mama, é um sistema de classificação para laudos de mamografias, tomossíntese, ressonâncias magnéticas e ultrassonografias das mamas.

Antes da criação desta classificação, cada exame de mamografia era laudado com base na experiência e estilos de descrição de cada médico radiologista que o assinava. Portanto, a ausência de padronização permitia que um mesmo achado de exame fosse descrito de maneiras muito diferentes, a depender de quem o interpretasse. Certamente, essas ocorrências eram causa de confusões entre os especialistas envolvidos.

Frente a necessidade de uniformização dos relatórios desse exame tão importante no rastreio, diagnóstico e conduta do Câncer de Mama surgiu essa classificação, fruto de inúmeros encontros e conferências mundiais, com base na medicina baseada em evidências. É importante ressaltar que, acompanhando novidades científicas no campo das neoplasias mamárias, a classificação é constantemente atualizado por um grupo de especialistas e atualmente encontra-se na sua 5ª edição, publicada em 2013.

 

Significado dos resultados

Cada categoria, numerada de 0 a 6, possui um significado específico que indica desde a necessidade de imagens adicionais até a confirmação de câncer de mama, conforme descrevemos abaixo.

  • Bi-rads 0 significa que a avaliação do exame está incompleta ou que os achados foram inconclusivos, sendo necessária uma avaliação complementar que pode representar incidências de mamografia adicionais – como a compressão mamária localizada, ultrassonografia das mamas, ressonância magnética das mamas, ou até mesmo a comparação com exames anteriores que não se encontravam disponíveis no momento da interpretação.
  • Bi-rads 1 significa achados negativos, ou seja, exame normal. Em termos técnicos, significa dizer que não foram identificados nódulos, calcificações de qualquer natureza, assimetrias e distorções do parênquima mamário. Portanto, a conduta é que a paciente continue realizando o rastreamento de rotina apropriado para a faixa etária e risco.
  • Bi-rads 2 significa achados benignos. Isto é, foram identificadas uma ou mais alterações na(s) mama(s), tais quais cistos simples ou calcificações tipicamente benignas, que não geram preocupação do ponto de vista de risco para neoplasia. Portanto, a conduta é a mesma da categoria 1, manter rastreamento de rotina apropriado para a faixa etária e risco.
  • Bi-rads 3 significa achados provavelmente benignos. Nesta categoria encontram-se alguns poucos e específicos achados que necessitam de um acompanhamento um pouco mais longo, o famoso follow-up, para que seja possível definir se o achado é benigno ou se será necessária uma biópsia para amostragem tecidual. Neste caso, a conduta é de que a paciente retorne inicialmente a cada seis meses para reavaliação dos achados.
  • Bi-rads 4 significa achados considerados suspeitos. Trata-se de uma categoria bastante heterogênea, com probabilidade de malignidade variando de 3-95%. Nela entram alterações como calcificações, nódulos e assimetrias, incluindo aqueles casos previamente classificados na categoria 3 que evoluiram de forma suspeita durante o follow-up. Recomenda-se que a paciente realize uma biópsia da lesão suspeita – um procedimento que utiliza uma “agulha” utilizada para retirar diminutos fragmentos da lesão para que sejam enviados para análise anatomopatológica.
  • Bi-rads 5 significa achado altamente suspeito. Alguns achados como um nódulo mamário espiculado, por exemplo, tem uma probabilidade superior a  95% de corresponder a neoplasia mamária. A conduta é realizar uma biópsia para investigar a possibilidade de câncer e prosseguir com o tratamento da paciente.
  • Bi-rads 6 significa que a paciente já foi diagnosticada com câncer por uma biópsia e análise da amostra por um patologista. O exame é realizado com algumas finalidades, como para saber se a paciente está tendo resposta ao tratamento quimioterápico, por exemplo.

 

Condutas Recomendadas de Acordo com os Resultados

A conduta médica após a classificação BI-RADS varia significativamente de acordo com a categoria atribuída ao resultado do exame. Para resultados categorizados como BI-RADS 0, recomenda-se a realização de exames adicionais, como a ultrassonografia ou a mamografia com magnificação, para obter informações mais detalhadas que ajudem na conclusão diagnóstica. Esta etapa é crucial para definir se há necessidade de intervenção ou apenas de acompanhamento regular.

Para as categorias BI-RADS 1 e 2, a conduta recomendada é o retorno às práticas de rastreamento de rotina. Pacientes com resultados na categoria 1 devem seguir as diretrizes gerais para mamografia de rastreamento, geralmente anual ou bienal, dependendo das recomendações específicas para a faixa etária e histórico de saúde. Para achados classificados como BI-RADS 2, não há necessidade de procedimentos adicionais além do acompanhamento regular, pois os achados são inequivocamente benignos.

Na categoria BI-RADS 3, indica-se um acompanhamento mais próximo, com exames de imagem em intervalos mais curtos, tipicamente a cada seis meses por um período de um a dois anos. Este protocolo tem o objetivo de monitorar a estabilidade da lesão, minimizando o risco de não detectar uma progressão para uma condição maligna. A decisão por biópsia nessa fase depende da evolução do achado e do julgamento clínico baseado em fatores individuais do paciente.

Para as categorias BI-RADS 4 e 5, a indicação é a realização de uma biópsia para determinar a natureza dos achados suspeitos ou altamente suspeitos. A categoria 4 apresenta uma ampla gama de probabilidade de malignidade, e a biópsia é essencial para a definição diagnóstica. Na categoria 5, dada a alta probabilidade de câncer, a biópsia é urgente para confirmar o diagnóstico e iniciar o plano de tratamento. A categoria 6, representando lesões já biopsiadas e confirmadas como malignas, direciona para o tratamento específico do câncer de mama, que pode incluir cirurgia, radioterapia, quimioterapia, entre outros, dependendo do estágio e tipo do câncer.

 

O que é densidade mamária?

bi-rads e desindade mamaria

Além de classificar e concluir o laudo do exame de mamografia, esse método também classifica a densidade mamária. Isto é, as mamas têm três tipos de tecido: o tecido glandular (lóbulos) corresponde à parte das mamas capaz de produzir o leite; o tecido fibroso corresponde ao tecido que sustenta mecanicamente as mamas; e o tecido adiposo, corresponde ao tecido gorduroso que preenche o espaço entre o tecido fibroso e os lóbulos. Estes três tecidos, em conjunto, dão às mamas tamanho e forma.

A densidade mamária reflete a quantidade de tecido fibroso e glandular das mamas em comparação com a quantidade de tecido adiposo. Isso ganha importância no fato de quanto menos tecido adiposo as mamas tiverem, maior pode ser a dificuldade técnica de discernir pequenos nódulos, assimetrias e distorções do parênquima mamário. Portanto, sua classificação pode auxiliar no diagnóstico e na conduta, sendo dividida em quatro categorias.

  1. Mamas com predomínio de tecido adiposo têm menos de 25% de tecido fibroso e glandular.
  2. Mamas com densidades fibroglandulares esparsas têm entre 25% e 50% de tecido fibroso e glandular.
  3. Mamas heterogeneamente densas têm entre 51% e 75% de tecido fibroso e glandular.
  4. Mamas densas têm mais de 75% de tecido fibroso e glandular.

 

A importância do BI-RADS para a Detecção Precoce do Câncer de Mama

O sistema BI-RADS desempenha um papel crucial na detecção precoce do câncer de mama. A classificação precisa que oferece orienta os médicos na identificação de lesões suspeitas em estágios iniciais. Isso aumenta significativamente as chances de sucesso no tratamento, uma vez que a detecção precoce está diretamente relacionada a melhores prognósticos. A categorização BI-RADS permite identificar lesões antes que se tornem palpáveis ou sintomáticas, o que pode salvar vidas.

O uso do BI-RADS facilita a padronização na interpretação dos exames de imagem da mama. Esta padronização reduz a variabilidade interpessoal na análise dos resultados, contribuindo para uma maior precisão diagnóstica. Quando radiologistas utilizam o mesmo sistema de classificação, a comunicação com os demais profissionais de saúde torna-se mais eficaz, garantindo que os pacientes recebam as recomendações adequadas com base em evidências claras e objetivas.

A aplicação do BI-RADS também contribui para a educação continuada dos profissionais de saúde. Ao empregar este sistema, médicos e radiologistas mantêm-se atualizados com as melhores práticas em diagnóstico por imagem. Esta constante atualização é fundamental para o aprimoramento das habilidades diagnósticas, o que, por sua vez, eleva o nível de cuidado oferecido aos pacientes.

Este sistema oferece diretrizes claras para o seguimento de lesões identificadas. Dependendo da categoria BI-RADS atribuída, o paciente pode ser encaminhado para acompanhamento mais próximo, biópsia ou tratamentos específicos. Essas diretrizes ajudam a evitar procedimentos desnecessários em casos benignos e garantem intervenção rápida em casos suspeitos ou confirmados de malignidade, otimizando o uso de recursos de saúde.

 

Conclusão

O sistema BI-RADS constitui uma ferramenta indispensável na prática de diagnóstico por imagem da mama, promovendo uma comunicação eficaz e padronizada entre profissionais da saúde. Sua aplicação sistemática garante não apenas a precisão na identificação e acompanhamento de lesões mamárias, mas também orienta as decisões clínicas mais adequadas para cada caso. A estruturação das categorias BI-RADS permite uma interpretação uniforme dos resultados, facilitando o planejamento do tratamento e seguimento dos pacientes, contribuindo assim para a melhoria contínua da qualidade do cuidado prestado.

A incorporação de avanços tecnológicos, como a inteligência artificial e a tomossíntese mamária, ao uso do BI-RADS amplia a efetividade do diagnóstico precoce do câncer de mama. Estas inovações proporcionam uma detecção mais precisa de lesões, mesmo em estágios iniciais, melhorando significativamente as perspectivas de tratamento e sobrevida dos pacientes. A tecnologia avançada, aliada à expertise dos profissionais de saúde, assegura uma abordagem diagnóstica mais acurada e menos invasiva, evidenciando o compromisso com a excelência e a segurança do paciente.

 

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